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O aroma das plantas

A perda de olfato é o sintoma mais comum em casos de covid-19, segundo estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde – OMS. Em meio a tantas perdas, muitas delas irreparáveis, passamos a perceber de forma mais evidente um bom número de sensações e sentimentos bons que fazem parte do nosso dia-a-dia e que não valorizamos o suficiente.

Há um tempo considerável, passear pelas ruas de uma cidade era uma experiência olfativa interessante, principalmente durante a primavera e o verão. Podíamos sentir diversos aromas diferentes no mesmo quarteirão, principalmente nos bairros residenciais. Manacás, flores de laranjeiras, jasmins, rosas, camélias, dama-da-noite, alecrim e tantas outras aromáticas, eram algumas das plantas que criavam demarcações locais e representavam o gosto do proprietário e suas memórias.

Hoje, com espaços mais reduzidos e cercados por muros e grades, com grande número de pessoas morando em apartamentos ou casas sem quintais, uma boa opção de trazer esse bem-estar olfativo e nostálgico é cultivar algumas destas plantas em vasos ou, se formos um pouco mais audaciosos e responsáveis, vale a luta por cidades mais verdes, mais planejadas e sustentáveis. Isto não depende só de recursos financeiros, mas de conhecimento, gestão e coragem para enfrentar um desenho que tem surtido todos os tipos de efeitos colaterais nocivos.

Para aqueles que gostam de resgatar estas sensações, vale lembrar que, de forma geral, a principal exigência das plantas aromáticas é de exposição ao sol. Lavandas e gardênias necessitam de três a quatro horas diárias de sol. Temperos, como manjericão e salsa, precisam de pelo menos duas horas diárias de sol. Em ambos os casos, o solo precisa ser rico em matéria orgânica e ter boa drenagem.

Se houver espaço e a intenção de montar um jardim aromático, devemos considerar as particularidades de cada espécie e, principalmente, buscar um equilíbrio entre as plantas empregadas. Afinal, o objetivo é sentir a delicadeza do perfume de cada variedade e não sobrepô-los uns aos outros.

Algumas espécies, como o manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora), liberam seus odores durante as 24 horas do dia. Outras exalam sua fragrância apenas quando expostas a condições ambientais específicas. Esse é o caso das gardênias, que geralmente só perfumam quando despontam as flores na primavera, e da lavanda, cujo cheiro é mais facilmente perceptível quando a planta está sob sol forte. Há, ainda, a dama-da-noite (Cestrum nocturnum), que como o próprio nome sugere, exala seu aroma somente ao anoitecer. Aliás, em função de seu perfume intenso, espécies como a dama-da-noite não devem ser utilizadas nas proximidades de janelas, especialmente de ambientes onde dormem pessoas sensíveis e crianças.

Nossa memória olfativa, uma das principais características do ser humano, é responsável pelas sensações que os aromas podem nos causar. Ao entrarmos em um ambiente, o aroma do lugar é a primeira coisa que notamos.

Aromas podem ser responsáveis pelo tipo de conexão que criamos com os ambientes, algo a ser valorizado no dia-a-dia, na construção dos espaços em que vivemos e a vegetação pode e deve ser introduzida para o nosso bem estar.

 

Fontes:

Perfumes do passado – a floração do manacá-de-cheiro

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2011/11/11/cheirinho-bom-saiba-como-criar-um-jardim-de-aromas.htm

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