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Coronavírus e proteção das florestas

É sabido que o desmatamento desequilibra o clima e reduz a oferta de água, mas a epidemia de Covid-19 evidencia outro efeito perverso. Fogo, correntões e motosserras libertam vírus mantidos longe do ser humano por florestas e afetam a saúde humana até nas cidades.

O “correntão” é uma técnica de desmatamento controversa que possibilita a rápida retirada da vegetação nativa por meio da utilização de correntes presas a tratores. Seu uso é considerado por lei como crime ambiental.

Sistemas ecológicos intactos contêm uma grande quantidade de espécies animais e vegetais, as quais cumprem uma determinada tarefa, dando origem a um equilíbrio ecológico. Mas as diferentes espécies se adaptam de maneira diversa. Enquanto algumas se adaptam às mudanças ambientais, outras se extinguem.

Todos os animais são portadores de agentes patogênicos e diferentes vírus. No caso de uma superpopulação, os vírus encontram mais hospedeiros para poderem se alastrar. A densidade de infecção desses agentes aumenta, de maneira que eles podem ser mais facilmente transmitidos às pessoas.

A virologista Sandra Junglen tem vários estudos e considerações sobre proteger melhor os nossos sistemas ecológicos. Do mesmo Instituto de Pesquisa (Hospital Charité da Universidade de Berlim), Christian Drosten faz aconselhamentos que são seguidos pela chanceler, pelo gabinete federal, pelos governos estaduais e pelas autoridades regionais alemãs. Faz pelo menos duas décadas que cientistas repetem o alerta: à medida que populações avançam sobre as florestas, aumenta o risco de micro-organismos, ,até então em equilíbrio, migrarem para o cotidiano humano e fazerem vítimas. A brasileira Ana Lúcia Tourinho, doutora em ecologia, estuda como o desequilíbrio ambiental faz com que a floresta e sociedade fiquem doentes.

A Amazônia, com sua colossal biodiversidade, é um dos lugares mais prováveis para o surgimento de vírus com potencial de causar pandemias. Porém, muito mais devastada, a Mata Atlântica, em cujos domínios vivem dois terços da população do país, é onde coronavírus e outros têm sido descobertos.

Estudos comprovam, há pelo menos duas décadas, a conexão entre a perda florestal e a proliferação de doenças. Assim, uma crescente devastação na Amazônia pode gerar novas epidemias: a cada 1% de floresta derrubada por ano, malária aumenta 23%.

No painel sobre governança ambiental na Amazônia, o cientista e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2007, Carlos Nobre, disse que se o desmatamento continuar nos ritmos de hoje, o mundo terá que conviver com uma pandemia como a da covid-19 a cada dois meses. Segundo ele, pesquisas de opinião dos últimos 25 anos mostram que mais de 90% dos brasileiros são contra o desmatamento da Amazônia.

O pesquisador também salientou que é importante mudar a matriz energética, e essa crise pode ser o momento de acelerar esse processo. “Precisamos eletrificar os transportes, e criar mais energia solar e eólica, diminuindo o consumo de combustíveis fósseis.” Para ele, as mudanças climáticas vão trazer riscos maiores que os atuais com o coronavírus se não forem tomadas providências. É uma catástrofe com um tempo e uma magnitude muito maior. Por isso, é difícil dimensionar. Mas a atual pandemia é uma amostra disso.

Nobre falou das lições que podem ficar desta crise global e das possíveis soluções quando o planeta sair das urgências do coronavírus. Para ele, um dos aprendizados é que a economia caminhe para a sustentabilidade. “Os países europeus estão discutindo agora uma economia mais verde. E a China também está sinalizando nesse mesmo caminho. Se isso acontecer, o pêndulo mundial vai mudar, e o Brasil vai ter de ir atrás.

“A crise do coronavírus mostra que a humanidade está num ponto crucial. Ela deve preservar as áreas naturais remanescentes. A proteção do meio ambiente e das espécies tem finalmente que ser valorizada nas decisões políticas e econômicas”.

O maior descobridor de vírus do Brasil, Pedro Vasconcelos, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, diz que na Amazônia os efeitos da destruição da floresta já são vistos no processo de urbanização de vírus. Os vírus jamais desaparecerão da Terra. À medida que nos tornamos mais numerosos, precisamos aprender a mantê-los distantes. Proteger a floresta é uma questão de saúde.

No nosso município de Piracicaba temos importantes unidades de conservação e áreas protegidas, sendo 4 Unidades de Conservação (SNUC), das quais 3 são estaduais: “Estação Ecológica de Ibicatu”, “Área de Proteção Ambiental Tanquã-Rio Piracicaba” e “Área de Proteção Ambiental Barreiro Rico”, uma unidade municipal, o “Parque Natural Municipal de Santa Terezinha”, e uma área protegida estadual caracterizadal: “Estação Experimental Tupi”. Precisamos ficar atentos e proteger esses nossos patrimônios naturais.

Vigilância, pesquisa, planos efetivos de governo nas esferas municipal, estadual e federal são fundamentais para caminharmos com mais consciência e segurança.

Fontes:

  • https://www.deutschland.de/pt-br/topic/meio-ambiente/de-onde-vem-os-virus-impedir-pandemias-atraves-da-protecao-das-especies
  • https://oglobo.globo.com/sociedade/cientistas-dizem-que-proteger-floresta-combater-avanco-de-virus-24466343
  • https://valor.globo.com/live/noticia/2020/05/12/estamos-brincando-com-fogo-diz-carlos-nobre-sobre-risco-de-amazonia-gerar-epidemia.ghtml
  • https://outraspalavras.net/outrasmidias/o-perigoso-elo-entre-desmatamento-e-pandemias/
  • https://fundacaoschmidt.org.br/floresta-protegida-e-escudo-contra-o-avanco-do-virus/

 

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