As estratégias de ação educacional aplicadas à área da arborização urbana ––e de que forma a pandemia do novo coronavírus as afetaram–– estiveram em pauta no Fórum de Arborização Urbana da Câmara de Vereadores de Piracicaba. Via sala de videoconferência no aplicativo Zoom, na manhã desta quinta-feira (27), a reunião mensal recebeu Elizabeth da Silveira Nunes Salles, bióloga e especialista em educação ambiental do NEA (Núcleo de Educação Ambiental), da Sedema (Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente).
As ações do fórum são coordenadas pela vereadora Nancy Thame (PV) e há também a integração dos gabinetes dos parlamentares Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), Lair Braga (SD) e Laércio Trevisan Jr. (PL). Segundo Nancy, a ideia principal do fórum foi a de captar as demandas da cidade. “Muitos projetos chegam às comissões, entre elas a do Meio Ambiente, e, ao termos um aprendizado de mão dupla, vemos as fragilidades e nos juntamos para buscar as soluções. O fórum traz o embasamento para que o Legislativo pondere nas discussões sobre arborização”, disse.
O trabalho de arborização urbana desenvolvido pelo NEA está no Programa Piracicaba Mais Verde e consta no Plano Municipal de Arborização Urbana. “Algumas ações foram feitas em 2019 e outras este ano, mas de forma limitada por causa da pandemia e da necessidade do envolvimento, por exemplo, de grupos escolares. A nossa preocupação é sempre que o trabalho não seja apenas da prefeitura e que envolva parceiros, grupos potenciais e voluntários que atuam nas comunidades”, mencionou Elizabeth.
Um dos locais que concentra as atividades de educação ambiental aplicadas à arborização urbana é o Horto Florestal de Tupi, que pertence ao Governo do Estado de São Paulo e está com a visitação pública paralisada na pandemia. Lá, o NEA desenvolve a Trilha da Biodiversidade, o Educatrilha na Escola, a Bacia Caipira e o #Vem pro Horto. Todas essas ações foram suspensas desde março: ou por envolverem grupos de risco, como a terceira idade, ou por causa da suspensão das aulas presenciais, por exemplo.
A bióloga lembrou que as saídas a campo permitem verificar “in loco” de forma mais ampla as ações a serem trabalhadas. “Momentos, muitas vezes, que favorecem as vivências transformadoras, principalmente com grupos de escolas. É o caso de quando as crianças visitam o rio Piracicaba. Muitas moram na cidade e não tem essa possibilidade”, reforçou.
Um dos projetos que permitiu a readequação em 2020 foi o PJ Tupi: educação integral e ambiental, com os professores e equipe gestora da Escola Estadual Pedro de Mello, localizada no distrito de Tupi. Se anteriormente o Horto de Tupi era utilizado como espaço experimental para a educação sustentável, a solução foi a de trabalhar com os professores no ambiente virtual.
Elizabeth citou o exemplo de uma disciplina eletiva na Escola Pedro Morais Cavalcanti, no bairro Dois Córregos. “No inicio de 2020, os alunos sairiam pelo bairro para fazerem um levantamento do potencial arbóreo do bairro. A partir de todo o conhecimento, na prática iriam apontar algumas ações”, detalhou, ao lembrar que os alunos receberiam o suporte do projeto Muda Pira.
Dos eventos educativos e ambientais que o NEA deixou de realizar estão ainda o Dia do rio Piracicaba, o Arrastão Ecológico, a campanha Rio Vivo e o Setembro Verde, como ainda a visitação ao Zoológico Municipal.
Para contornar parte dos problemas que a pandemia provocou, o NEA produziu uma série de vídeos sobre os bastidores e a rotina de determinados setores da Sedema: Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Parques Urbanos, Viveiro de Mudas Municipal e o Disk Animais.
Instalado administrativamente no Parque do Mirante e com estruturas no Zoológico Municipal e no Horto Florestal de Tupi, futuramente o NEA também terá um núcleo de representação no Jardim Botânico de Piracicaba, que está em fase de instalação no bairro Santa Rita.
ATUAÇÃO – Elizabeth informou que o NEA atua na informação e educação ambiental em recursos hídricos, políticas públicas, resíduos sólidos, biodiversidade e arborização, por meio de uma rede de parcerias que vai desde a OCA (Laboratório de Educação e Política Ambiental), da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Horto Florestal de Tupi, Diretoria Regional de Ensino e Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
Enquanto políticas públicas, o NEA segue as diretrizes presentes no PMEA (Plano Municipal de Educação Ambiental), regulamentado em 2013, e tem o amparo do GMEA (Grupo Multidisciplinar de Educação Ambiental), composto de forma paritária por membros da sociedade civil e do poder público. Esse grupo, aliás, finalizou o Plano Municipal de Educação Ambiental, a ser entregue em breve às secretarias municipais para que possa ser posto em prática.
A especialista em educação ambiental apresentou ainda as macrotendências da área: a conservacionista, pragmática e crítica. “A educação crítica é a que a gente sempre busca”, lembrou. “Todo trabalho considera três aspectos, o conhecimento tradicional ou científico, os valores éticos e estéticos e a participação ativa, de como a pessoa pode interferir no ambiente de forma positiva.”
Entre as metodologias participativas de educação ambiental estão a Agenda 21 do Pedaço, uma cartilha metodológica que relata o processo de construção da Agenda 21 das comunidades. “É o chamado Muro das Lamentações, quando as pessoas definem os problemas que impedem o início de uma ação. A partir de todas essas contribuições, finaliza-se o momento de trazer os pontos negativos e começa o processo da árvore da esperança, em que elas apontam as utopias para o lugar”, disse, para depois ter início a elaboração das metas.
Ela também destacou a importância dos biomapas, em que mapas cartográficos são utilizados para a produção de inventários biofísicos ambientais, culturais, sociais e econômicas. “A metodologia do biomapa é participativa e sensibiliza as pessoas, que indicam as realidades que conhecem a partir das saídas a campo. Em Piracicaba, o NEA utiliza a expressão caipira “Toró de parpite” (chuva de palpites), para unir conhecimentos populares e científicos e que podem resultar na construção de maquetes e jogos interativos. “É um modelo que nos ajuda a planejar projetos, programas e intervenções socioambientais”, disse.
Texto: Rodrigo Alves – MTB 42.583 (Câmara de Vereadores de Piracicaba)
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues – MTB 23.343 (Câmara de Vereadores de Piracicaba)