Pensar a cidade requer enxergá-la em sua totalidade e integralidade. O desafio de refazer a cidade existente e reinventá-la exige um rompimento com a tradição urbanística, sendo fundamental compreender a maneira que foram construídos os espaços urbanos de forma que pesem as diferenças culturais e geográficas.
Muitos temas relacionados à formulação de políticas urbanas necessitam dessa visão integral para que amparem uma conduta responsável e efetiva. O conceito de sustentabilidade, por exemplo, tomou força nos últimos anos e consiste em conjunto de práticas, procedimentos e formas de agir que permitam que recursos naturais se renovem e durem por muitas gerações. Mais do que isso, desenvolvimento sustentável significa obter crescimento econômico necessário, garantindo a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o presente e gerações futuras. Portanto, para que ocorra o desenvolvimento sustentável é necessário que haja uma harmonização entre o desenvolvimento econômico, a preservação do meio ambiente, a justiça social (acesso a serviços públicos de qualidade), a qualidade de vida e o uso racional dos recursos da natureza (principalmente a água).
Ilustra-se, dessa forma, a necessidade de tratarmos questões urbanas sem tantas linhas divisórias, que, afinal, são criadas por nós. O desafio está em enxergarmos que tudo está interligado.
Os centros das cidades, por exemplo, estão se tornando obsoletos, com muitos vazios. São, no entanto, áreas totalmente oportunas, dotadas de memória que devem ser preservadas e também de infraestrutura a ser otimizadas.
As cidades devem ser espaços com condições para plena igualdade, de forma que todos se sintam respeitados e estejam em constante diálogo. Do mesmo modo, deve propiciar a cooperação e o aprimoramento dos meios necessários ao fortalecimento da participação cidadã, mantendo as condições para o exercício da democracia, do respeito à pluralidade, da ética e da coexistência pacífica.
Não há dúvida também de que a forma de nos comunicar mudou bastante, favorecendo a democratização das informações territoriais através dos novos sistemas de tecnologia de informação e comunicação. Dessa forma, o pensar integral das cidades pode e deve ser favorecido pela intensificação de comunidades mais participativas, propiciando serviços de governo mais ágeis, transparentes e eficientes pelo compartilhamento de informações.
Segundo o autor Carlos Leite, que escreveu o excelente livro “Cidades Sustentáveis – Cidades Inteligentes”, deixar uma cidade mais sustentável é transformá-la numa rede estratégica de núcleos policêntricos compactos e densos, otimizando infraestruturas e liberando territórios verdes. Essa ideia de rede estratégica é o que precisamos priorizar nos diversos temas que envolvem a cidade.
As transformações devem vir com planejamento e gestões eficientes e de longo prazo. Para isso, precisamos priorizar visões que considerem uma perspectiva integral e interconectada dos diversos aspectos que se relacionam à cidade.