O vírus não faz diferença entre ricos e pobres. No entanto, sofrem mais os mais vulneráveis.
Além da questão da saúde que fragiliza a todos e da produção de renda totalmente afetada pela pandemia, as linhas de crédito anunciadas estão inacessíveis. O auxílio do governo para os pequenos negócios não está chegando na medida das necessidades emergenciais e futuras dessa parcela da população.
Uma sociedade saudável e equilibrada deve ter como pilares a sustentabilidade social, econômica, ambiental e institucional, sendo que “sustentabilidade” pode ser definida, de modo bastante simples, como as ações ou atividades humanas que visam suprir as necessidades do momento presente, mas sem comprometer as gerações futuras.
Considerando os impactos sociais e econômicos da crise causada pelo contexto da pandemia, é necessário estabelecer estratégias eficazes para apoiar os diferentes segmentos produtivos, especialmente os mais vulneráveis.
No início de abril foi feito um levantamento pelo Sebrae para acompanhar as micro e pequenas empresas durante a pandemia. Ele revela que a maioria dos empresários ainda não conhece as linhas de crédito disponibilizadas para enfrentamento da crise, como as para evitar demissões (29% não conhecem as medidas oficiais e 57% apenas ouviu falar a respeito).
O estudo mostrou também que mais de 62% dos negócios interromperam temporariamente as atividades ou fecharam as portas definitivamente. Entre os 38% que continuam abertos, a maioria mudou o seu funcionamento, passando a fazer apenas entregas, atuando exclusivamente no ambiente virtual ou adotando horário reduzido.
Quase 88% dos empresários ouvidos viram seu faturamento cair e, em relação a época da pesquisa, cerca de 18% dos empresários entrevistados demitiram funcionários.
De acordo com a pesquisa do Sebrae, a situação financeira das empresas já não era considerada boa pela maioria dos pequenos negócios (73% disseram que era razoável ou ruim), mesmo antes da chegada da pandemia.
A retomada do equilíbrio é questão de sobrevivência e a ajuda precisa chegar também aos pequenos. Produzir não depende mais do esforço deles, que acreditaram nas promessas de financiamento do governo. A linha especial de crédito não tem chegado.
Nos noticiários desta semana as informações continuam mostrando as dificuldades: metade dos pequenos empresários que buscaram um apoio financeiro, receberam um não. Para os microempreendedores individuais (MEIs) foi ainda pior, 75% não conseguiram nenhuma ajuda.
Nem é questão de empréstimo, pois é muito claro que é necessário um canal especial para estes empreendedores, que só precisam de ajuda por causa do coronavírus.
Recentemente o Sebrae, através de seu presidente, anunciou uma operação de ajuda que deve começar com 1 bilhão em garantias, o que viabilizará a alavancagem de aproximadamente R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios, fundamentando que um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos negócios ao crédito é a exigência de garantias feita pelas instituições financeiras.
É preciso desburocratizar, facilitar para que os pequenos, incluindo os microempreendedores individuais – MEIs, possam obter os recursos necessários para capital de giro. Não há outra maneira de salvar vidas,manter os negócios e os empregos.
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