Observamos, nas últimas décadas, um elevado crescimento da população em relação à área urbana, tornando imprescindível que o poder público destine significativos esforços e recursos para dotar estas cidades com infraestrutura e espaços adequados capazes de atender os anseios dessa população. Investimentos nos serviços de saúde, segurança, educação e saneamento tornam-se prioritários, ficando, muitas vezes, a qualidade ambiental relegada ao segundo plano.
Na maioria das vezes, a nova paisagem urbana traz modificações com o consequente comprometimento do meio físico, insalubridade e péssima qualidade de vida.
A verificação das condições ambientais das cidades é cada vez mais evidente e importante, pois é no espaço urbano que os problemas do meio ambiente geralmente atingem maior amplitude. Nota-se concentração de poluentes no ar e na água, a degradação do solo e subsolo, em consequência do uso intensivo do território pelas atividades urbanas.
A temática sobre áreas verdes é complexa e permite diferentes perspectivas de análise. As primeiras reflexões que vêm à mente referem-se à sua utilidade e à abrangência do termo, como: áreas livres, arborização urbana, verde urbano e cobertura vegetal. No entanto, a maioria destes termos não são sinônimos e não se referem aos mesmos elementos. Há falta de consenso entre estes conceitos, que pode estar ligado ao fato de a vegetação ser tratada sob diferentes perspectivas.
Na esfera do poder municipal, o planejamento e a gestão das áreas verdes estão previstos em especial no Plano Diretor, além de legislações específicas ligadas a temáticas ambientais e devem ser pensadas segundo critérios de desenvolvimento e expansão urbana, entre outros. De maneira geral, nestes planos, a acepção do termo possui um caráter abrangente, e comumente refere-se ao espaço onde há o predomínio de vegetação, englobando as praças, os jardins, as unidades de conservação, os canteiros centrais de ruas e avenidas, trevos e rotatórias de vias públicas. No entanto, muitos destes locais não possuem sequer vegetação, e mesmo assim são consideradas erroneamente como áreas verdes. Esta confusão constitui-se como uma das maiores dificuldades de se considerar o “verde urbano” no planejamento das cidades.
A inexistência das áreas verdes urbanas demonstra o descaso do poder público para com a saúde física e mental dos cidadãos, a ausência de uma visão ampliada do futuro e a fragilidade do planejamento urbano e das políticas públicas.
Além de planejar novos espaços destinados ao lazer, recreação e conforto ambiental, o poder público deve assegurar por meio de políticas públicas a qualidade destas áreas, tornando este ambiente mais atrativo ao uso da comunidade, e assim promover melhoria de qualidade de vida.
A cidade, por ser o local onde ocorre a produção da vida e onde são estabelecidas as relações sociais, beneficia-se da melhoria da qualidade ambiental do espaço, o que depende muito da qualidade dos espaços verdes, que devem ser agradáveis, dotados de infraestrutura, de equipamentos adequados, seguros e facilmente acessíveis a toda população.